Parceiros envolvidos : GrandAngoulême  

Questões e apostas : desenho e relações sociais 

« Por favor… Desenha-me um carneiro »

O Pequeno Príncipe – Saint Exupéry

Com o seu festival internacional de histórias em quadrinhos e a sua nomeação recente como Cidade Criativa concedida pela UNESCO, Angoulême adquiriu uma reputação incontestável como cidade criativa. Angoulême é a cidade das historias em quadrinhos! Angoulême é uma cidade de imagens. 

Em decorrência desta nomeção a cidade pôde desenvolver inquestionavelmente, um rico ecossistema criativo constituído por escolas, workshops e estúdios de animação.

No entanto, será que todos sabemos como desenhar um carneiro?

Com o projeto AYCH, utilizamos o desenho como fio condutor! Tornou-se uma espécie de marca registada e uma identidade que permite encontros, trocas e o estabelecimento de elos. O ilustrador se transforma em um moderador e facilitador permanente, abrindo portas, criando oportunidades de diálogo, instigando e por vezes até convencendo. A cidade se tornou um parque de diversões. 

A inovação é visível através das diferentes formas pelas quais o desenho pode ser utilizado. Como forma de autoexpressão, o desenho nos permite desbloquear e criar conexões entre mundos que tinham pouco ou nenhum entendimento entre si.

  • Uma pequena porta para a criatividade, um grande passo para a autoconfiança

Durante os nossos primeiros workshops de introdução à criatividade, tivemos de lidar com jovens dos bairros desfavorecidos da cidade que eram muitas vezes encaminhados por entidades de inclusão social. Alguns deles abandonaram a escola e outros estavam simplesmente desorientados. Ao recorrermos ao desenho como ferramenta de interação pudemos acessar mais facilmente estes jovens de maneira divertida, relevante e atrativa. 

O papel do instrutor é essencial. Além das suas capacidades criativas, seu papel na construção de relações é imprescindível. O uso de uma linguaguem e postura específicas são fundamentais. O compromisso e dedicação são exigidos assim como a aceitação do silêncio e a coragem de se render. Amar e compreender o ser humano em sua totalidade, com suas qualidades e defeitos, é indispensável para que ele possa conectar-se consigo mesmo e deixar-se domesticar. Como na história do pequeno príncipe em que ele desenhou um carneiro e domesticou uma raposa!

O desenho estabelece uma ligação. Permite criar diálogos e formas de expressão, sem recorrer ao uso de quaisquer palavras. Torna visível o então invisível ” vínculo social”. Nos permite ousar, tentar, falhar e tentar novamente.

Assim como uma construção, o desenho traduz os sentimentos através de linhas e curvas e transforma as emoções por meio do uso das cores, transformando uma vontade e um desejo em realidade. É capaz de transformar o protótipo em ideia final.  Um processo criativo totalmente genuíno!

Escrito por Nicolas Travaillé, Responsável de Projetos Europeus na metrópole de GrandAngoulême