Parceiros envolvidos : Plymouth College of Art  / Space* 

Quando as pessoas pensam na fabricação digital, a primeira ideia que lhes vem à cabeça é muitas vezes a de grandes espaços abertos cheios de máquinas de alta tecnologia, pessoas, ruídos e designs futuristas impressos em 3D.

Para alguns, a ideia futurista pode parecer exagerada, mas quem teria pensado que um dia iríamos criar e controlar processos que giram em torno da transformação de dados em objetos? À medida que continuamos a ultrapassar os limites do que é possível dentro da fabricação digital, a descoberta mais recente chamou a nossa atenção através de um desafio único no século, pelo qual todas as pessoas ao redor do mundo foram atingidas – a pandemia do Coronavírus. Conforme fomos aprendendo a viver e a nos adaptar à situação atual, houve enfase na necessidade de ensinar estes processos digitalmente, uma vez que os nossos tutoriais presenciais e as nossas capacidades colaborativas de resolução de problemas se tornaram inadequados às restrições atuais.

Com a proximidade do novo ano, sabíamos que a nossa tão esperada residência de design e fabricação digital AYCH, criada em parceria com a Space*, tinha de ser repensada. Perante um cenário de pré-pandemia, teríamos tido o privilégio de acolher os participantes frutos da nossa parceria nos nossos espaços da Fab Lab, onde vivenciariam o benefício de componentes de fabricação detalhados à medida que acompanhariam o processo de trabalho com diferentes máquinas. Tivemos de lidar com uma questão que neste momento muitos outros instrutores enfrentam no âmbito da arte, do design, da ciência e da engenharia: como podemos transformar uma experiência prática sem que haja o acesso ao equipamento físico, aos materiais e à criação dos espaços? Ainda neste contexto, nos recordamos que todas as máquinas de fabricação digital, independentemente da sua sofisticação, impõem restrições e limitações.

O sucesso na produção de peças fabricadas digitalmente requer a aprendizagem de como contornar estas restrições. Encaramos a situação como uma oportunidade de reflexão. No fundo sabíamos que valia a pena evoluir para algo de que os participantes ainda pudessem se beneficiar. Esta oportunidade nos permitiu enaltecer a aprendizagem com base em softwares e reestruturar o nosso programa de residência, anteriormente dependente de oficinas presenciais de fabricação digital, para um modelo de sessões de design digital mais simplistas e personalizadas e consultas de fabricação digital. Ao oferecermos esta experiência sob medida, permitimos aos participantes que concebessem eles próprios o programa de 5 semanas de duração bem como as sessões de residência, de acordo com as suas necessidades e interesses, o que lhes permitiu abordar questões e preocupações específicas relacionadas com os seus próprios projetos e designs. Esta flexibilidade também nos permitiu adaptar cada sessão de residência para que fosse o mais adequada possível a cada participante, adicionalmente ao agendamento de reuniões de Zoom apropriadas, após o dia de trabalho.

Por fim, o que este extraordinário desafio nos ensinou é que podemos nos adaptar em tempos incertos e fazer o que sabemos fazer melhor – inovar. À medida que a nossa experiência coletiva com a aprendizagem à distância continua, esperamos sinceramente que as aulas presenciais de produção não desapareçam.

Todavia, podemos celebrar o fato de que com cada desafio surge uma oportunidade e este momento particular em que estamos vivendo nos permitiu explorar estas oportunidades – melhoria da inclusão, aperfeiçoamento da acessibilidade, flexibilidade e interatividade.

Escrito por Ieva Stanislovaityte, coordenadora do projeto AYCH na Plymouth College of Art